Nas cadeiras de plástico da sala de espera do hospital esperávamos todos o atendimento. Eu ouvia a voz da enfermeira idosa que caminhava entre as macas dos feridos, convalescentes e enfermos perguntando: “Tá tudo OK?”.
Um senhor levantou-se ao ser chamado, caminhando muito devagar, meio manco – ao passar pela janela de vidro sua sombra anuviou os rostos das duas crianças que por um momento não riram mais – elas também esperavam – até ele entrar. A luz do final da tarde voltou a bater sobre o piso frio e esterilizado. E elas voltaram a brincar, rindo.
“Tá tudo OK?”, ouvi distante.
Mas eu fiquei pensando o que eu poderia fazer com essa coisa gorda e inchada, aqui, jogada sobre o meu colo, cheia de músculos e nervos, pedindo – cardíaca – pelo meu próprio sangue para que começasse a bater.
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